Tábua da Salvação
Os nervos doíam-lhe nas costas. Quando ela o tocou, teve a impressão que a pele encobria pedaços de granito. Condoída, pretendeu aliviar sua dor com uma massagem. O resultado veio na manhã seguinte: dores que não podia medir, nem dizer, para que ela não se sentisse culpada pelo agravamento. Culpa maior tinha seu chefe que lhe dera uma tarefa que levaria um mês para fazer em três dias.
Menos de 48h para o fim do prazo e a estagiária ainda tinha coragem de chegar com mais de uma hora de atraso, andando com uma lerdeza de anciã, esfregando os ombros como se estivesse em casa. Não haveria misericórdia para aquela alma hoje.
Não haveria... mas houve. Quando ela disse o que tinha e fez uma demonstração. Em silêncio a perdoou por todas as burradas que tinha feito desde que tinha entrado naquele trabalho, até do café derramado no teclado do computador. Mandou-a imediatamente comprar um igual.
Ainda com um trabalho por fazer, chegou em casa muito mais leve. Trazendo consigo o novo brinquedinho. Infelizmente não podia explicar, sob o risco de ser mal compreendido, como se deu aquele achado.
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