Remotas Águas de Março
Sinto falta da rua de barro,
Do cheiro de terra molhada,
Da gente fingindo ser chuveiro o telhado.
Sinto falta do pé na lama,
Do salto sobre a poça,
Do pulo bem no meio dela,
Da pedra quicando três vezes na água.
Sinto falta da corrida,
Da bicicleta,
Da linha marrom de alto a baixo nas costas da camisa.
Sinto falta da zombaria que se seguia ao escorregão do outro,
De acabar caindo do mesmo jeito,
E de correr atrás de quem ainda não se sujou.
Sinto falta de voltar para casa como um pinto molhado,
Sem se preocupar se vai gripar ou não.
Sinto falta dessa farra.
Sinto falta da chuva quando era assim.
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